UM AMOR DO TAMANHO DO MUNDO



Não achei pra alugar em nenhum lugar, então foi o Torresmo quem deu um help

Não é nem um décimo o romance açucarado que o título nacional e o trailer original fazem supor, já que se trata da uma relação que não engrena, devido à antissociabilidade do protagonista.
Também não chega a ser um filme que te faça exclamar : “Noffa, que pusta filme baum , sô !”.

Mas é um filme agradável de assistir, uma sessão da tarde para tardes de chuva, sobre o relacionamento bucólico do Howard ,em seus últimos anos de vida, com a professorinha aspirante a escritora, Novalyne Price.
O lado negativo é que a única legenda encontrada é muito sofrível, prejudicando o entendimento em certas horas.
O filme foca apenas no relacionamento dos dois, portanto nada sobre a correspondência do autor com o Lovecraft , por exemplo, que é apenas citado rapidamente.

O grande destaque vai para a composição do personagem pelo ator, Vincent D Onofrio, em grande performance. Eu sempre tive dificuldade de visualizar um tipo o Howard como um cara de carne e osso, muito devido ao onipresente retrato sisudo dele, de chapéu e gravata, ao mesmo tempo que era retratado nas biografias como um esquisitão , recluso, que era visto a fazer birutices pelas ruas e n'ao fazia a minima questao de agradar.(Como sair caracterizado de Mexicano no Texas dos anos 30, algo como andar travestido de rabino no Irã)

D`onófrio consegue retratar todas as idiossincrasias relatadas , tornando o personagem humano e até comovente.
Seu Howard é tímido e arrogante, sensível e bruto, brilhante e desengonçado, culto e jéca ,ora um outsider atrevido, ora um meninão solitário, tudo ao mesmo tempo, sem parecer artificial e forçado.

Chega a dar aflição os momentos em que percebemos que Howard, prolixo e habilidoso com as palavras na máquina de escrever, não consegue articular-se socialmente, principalmente com o seu interesse romântico.
A maior parte do tempo, Howard o parece mais querer chamar a mocinha para um duelo,ou sair na porrada, do que cortejá-la .
O cara consegue “trollar’ o próprio relacionamento com a garota, que nem bem começou .




Se estivesse vivo hoje, teria sido expulso do MBB e estaria postando no Clockup. cheers
Renée Zellweger, novinha de tudo, está bem, apesar do papel ser ingrato, que pode dar a entender que é a professora careta que não acompanha as idéias avançadas do Howard. (Ela se livra dos livros “hereges e profanos” que ele lhe dá) Mas são os anos 30, e fica claro, pelas demais colegas que não querem ver o Howard nem pintado de ouro, que ela é até avançadinha para a época e local(Quase uma Minas Gerais dos anos 50)

Como sabemos de antemão o destino do Howard, fica a trágica sensação de que bastaria um dos dois lados ter um pouco mais de compreensão /aceitação para o romance ao menos vingar, e quem sabe os fatos seguirem rumos diferentes.
Boa também a (pequena, quase uma ponta) participação da atriz que faz a mãe, que somente com o olhar e expressões dá a entender sua influência sobre o filho, e o pouco interesse de que alguém mais venha a ter relevo na vida do mesmo.

O filme é baseado no livro, escrito por Novalyne, 50 anos após a morte do Howard.
Então deve ser encarada como uma versão bem romanceada dos fatos, mas mesmo assim é bem consistente com ,as parcas, informações a respeito do mesmo.
O engraçado é que o motivo de assistir o filme era matar um pouco a curiosidade sobre a inusitada figura do escritor, mas ele provocou o efeito contrário ,aumentado esta curiosidade, dando vontade de ler tanto o livro da Price, quanto a biografia escrita pelo L. Sprague de Camp, que não foram lançadas por aqui.

E isso eu credito como um ponto positivo pro filme.
Com as ressalvas acima, quem for fã do autor, vale dar uma conferida.
Queria gravar esse divix numa midia, mas a legenda que catei na legendas.tv tá mesmo osso.
Se alguém souber onde há uma melhorzinha...

Resenha do Dr-Peste no fórum Clock Up